Datilograma

Egon Schiele, "Mãe morta I" (1910)
Museu Leopold, Viena

André Lucas

Em teu ventre teceu-se as linhas
da ponta dos meus dedos, linhas isóbaras
que desnivelam-se em amostras do meu tempo.

Por essas linhas coladas na carne
e no cerne do envelhecimento,
não lembro dos toques que originaram
os contornos  — labirintos circulares
que centram os resquícios dos movimentos.

O resto é peripécia da gênese
feito raízes da primeira árvore.

Pelas linhas me cabe uma denúncia
para mapearem minha autoria em cada crime:
flores desfolhadas, abraços sem braços
	e um coração laureado a roxo.

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