Talita Franceschini
colagem
dar corpo
aos restos espalhados
da outra de mim
expelida, fraturada
pela finitude
de um tempo bom
acolher esse corpo
refeito, marcado
por cicatrizes riscadas
em queloides lembranças
e movimentá-lo todos os dias
em direção ao possível
das mulheres
ser só
mulher
um devaneio
sanidade
não se culpar
pelos incontroláveis
gritos que causaram
a mudez
se abraçar e sentir
o confortável silêncio
de ser uma mulher
louca
dos fragmentos, o poema
tocar no trincado
do vidro interior
estilhaçar
amparar cada
pedaço meu
com
um
poema
de amor
todo dia
abraçar aquela
que não desiste
de estender meu coração
ao sol