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Poemas sobre tempo e revolta

Henri de Toulouse-Lautrec, "No Moulin Rouge" (1892-95)
Instituto de Arte de Chicago

Mateus Lima Veloso

Tudo é rápido

Tudo é rápido
Rápido o suficiente para não se perceber
Quem é dono do relógio 
Viva rápido, coma rápido
Cresça rápido, produza rápido 
Todo segundo é um segundo perdido
Todo segundo é um dinheiro perdido

Descanse rápido
Vamos, mais trabalho te espera
Um pouco menos de vida
Um pouco menos de alegria 
Tudo é rápido, até gozar é rápido
Se sobrar um momento 
Desfrute rápido dos prazeres da vida

Pare com isso
Lamento, não existe tempo
Produzir mais e em menos tempo é preciso
Morreu rápido
Pena, acabou vivendo rápido demais
Descarte rápido
Mais um recomeça a roda.

Na cidade das coisas

Nosso mundo 
Não poderia ser feito 
De forma menos natural

Nossas cidades 
São pensadas para coisas
Carros, prédios, motos, 
Roupas, luxo, lucro 
Mercadorias que precisam
De cada vez mais espaço
Para serem transportadas 
Para serem naturalizadas

Tudo se torna cinza
Barulhento, apertado
Rápido, sem tempo 
Com humanos como parte da paisagem 
Cansados, atomizados
Doentes, indiferentes 
Nas cidades das coisas.

Aquele que se revoltou

Minha vida não é mercadoria
Não aceito tal realidade
Minha história
Meu tempo
Não pode ser comprado e vendido 
Eu sou humano
E sinto a necessidade de humanidade
Chega de atomismos 
De cidades insalubres 
De avenidas largas e calçadas apertadas
Chega de pressa desenfreada 
Preciso apreciar as minhas potencialidades 
Assim como a dos meus camaradas
Ouçam meu grito
Morte ao eu e glória a nós 
Deixem as mentiras que nos aprisionam
E vamos tomar 
As rédeas dessa existência
Em nossas mãos.

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