Ovídio
Tradução de João Lucas Goulart
*Nota: este texto é melhor lido em computador ou com o celular na horizontal.
Ante mare et terras et quod tegit omnia caelum unus erat toto naturae uultus in orbe, quem dixere chaos: rudis indigestaque moles nec quicquam nisi pondus iners congestaque eodem non bene iunctarum discordia semina rerum. nullus adhuc mundo praebebat lumina Titan, nec noua crescendo reparabat cornua Phoebe, nec circumfuso pendebat in aere Tellus ponderibus librata suis, nec bracchia longo margine terrarum porrexerat Amphitrite; utque erat et tellus illic et pontus et aer, sic erat instabilis tellus, innabilis unda, lucis egens aer; nulli sua forma manebat, obstabatque aliis aliud, quia corpore in uno frigida pugnabant calidis, umentia siccis, mollia cum duris, sine pondere, habentia pondus. | Antes do mar e das terras e do céu que cobre todas as coisas, o semblante da natureza era uno, em um orbe inteiro, o qual se chamava “caos”: uma massa rude e desordenada, era apenas um peso inerte e, caótico, nele estava a origem das coisas, a discórdia do que não foi bem unido. Até então, nenhum Titã tinha feito nascer as luzes, nem Phoebe, crescendo, restaurado os novos chifres, nem a Terra, rodeante, pendia no ar equilibrada no seu peso, nem Anfitrite estendia os braços das terras em uma longa margem; Lá estava a terra, também o mar e o ar: assim era a terra instável, o mar inavegável e o ar carente de luz; nada mantinha a sua forma, e um obstava aos outros, porque em um corpo as coisas frias pugnavam com as quentes, as úmidas com as secas, as moles com as duras, e as imponderáveis com as que possuíam massa. |