Elisabeth Senra Guessada
Minhas mortes ou quando inexisto
Hoje, minha língua está morta mortas estão as palavras também eu um tanto
O tempo e o não-tempo
Nasci reivindicando gritando e faminta não vou morrer de depressão não guardarei minhas fomes nem as lágrimas nem o nada vou morrer como nasci: sem choro engolido vivendo meu tudo - sem pressa e sem pausa
Saudade também é dor
Bate leve e fatia em exatas postas uma dor um doer que, às vezes, não encontro o querer viver então, sigo vou tateando pelas bordas da vida enquanto perco as bodas vividas e só de longe me chegam notícias
Sou desejo
Desejar é profundo querer é raso quem quer está sempre querendo quem deseja alcança quem quer é como quem fica procurando nunca acha desejo
Rascunho
Meus escritos não são matemáticos previsíveis, decifráveis - também de mim fogem - e nem são tão românticos ainda que assim me escapem vez alguma o que sinto é que são, na verdade o descontinuado sem começo sem fim
Anseio
As pessoas costumam me perguntar se sonho sim, eu sonho! eu sonho eu poder experimentar pelo menos por um dia inteiro nesta vida a verdadeira sensação do que é ser livre
Sobre amar
Se depare com o amor e tudo o que fazia sentido perde o sentido e tudo o que não cabia mais sentido passa a ser incontrolável sentir
Posso existir
Escrever é algo que me fascina aguça minha criatividade invento paixões elaboro amores faço das dores fatores compensadores no processo da evolução se posso escrever sobre dores não vividas e felicidades inventadas o que vale é não deixar cochilar a capacidade de imaginar enquanto penso talvez, eu exista