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Carta de Akira Kurosawa a Ingmar Bergman

(Tradução de Miguel Forlin)

Caro Sr. Bergman,

Parabéns pelo aniversário de setenta anos.

Toda vez que vejo o seu trabalho, fico profundamente emocionado. Aprendi muito com as suas obras, além de ter sido encorajado por elas. Desejo que você permaneça saudável e continue criando filmes maravilhosos para nós.

No Japão, havia um grande artista chamado Tessai Tomioka que viveu na Era Meji (final do século XIX). Ele pintou vários quadros excelentes, mas, ao fazer oitenta anos, começou de repente a pintar quadros muito melhores, como se estivesse florescendo de modo magnífico. Toda vez que vejo suas pinturas, compreendo plenamente que um ser humano não é capaz de criar trabalhos realmente bons até completar oitenta anos de idade.

Um ser humano nasce bebê, torna-se menino, passa pela juventude, pela flor da idade e, por fim, volta a ser bebê antes de encerrar a sua vida. Essa é, na minha opinião, a maneira ideal de se viver.

Acredito que você concordaria que um ser humano se torna capaz de produzir obras puras, sem quaisquer restrições, nos dias da sua segunda infância.

Estou com setenta e sete anos (77) e convencido de que o meu verdadeiro trabalho está apenas começando.

Pelo bem dos filmes, resistamos juntos.

Com os mais calorosos cumprimentos,

Akira Kurosawa

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