Poemas

Gyula Szabó (1983-). O fim do mundo.

Luiz Renato de Oliveira Périco

Babel

Shoah. Pogrom. Seyfo. 
Medz Yeghern. Terreur. Holodomor. 
Paredón. Da'ish. Kamikaze. Gulag.
Porajmos. Apartheid. Khmer Krahom.
Wénhuà Dàgémìng. Lebensraum. Nakba.
O diabo é poliglota.

Dístico

Pra quem atira, o míssil
São fogos de artifício.

R.G.

Leio meu nome Meu sobrenome
O nome do meu pai O nome da minha mãe 
A data de nascimento O local de nascimento
Mas eu me identifico mesmo é
Com aquela sequência aleatória de dígitos 
Que até hoje não decorei

Elemental

Não há fogo que não se apague,
nem água que não se seque;
não há terra que não se eroda,
nem ar que não se rarefaça.

Tudo é feito de seu fim.

Helena

p/ Alexei Bueno

Olhava-se no espelho: estava velha,
seu rosto já não era mais bonito,
agora que ela em tudo se assemelha
a uma reles mortal, não mais ao mito.

Guerreiros já não vêm de longes terras
até a Ília ilha em busca dela,
como fizeram, já não fazem guerras
para poderem tê-la. Não é mais bela,

pois Cronos não lhe fora generoso.
Ninguém diria que ela fora Helena
de Troia vendo o rosto tão idoso,
e quem uma dia a viu, lhe tinha pena.

Os deuses tinham dado-lhe a beleza,
mas essa, como Helena, era mortal,
sujeita à dura lei da natureza
que desfigura a todos por igual.

Olhando-se no espelho, não se via,
contudo, o que ela via ali lhe dói.
Decide-se que, então, se mataria.
não vem, pra lhe salvar, nenhum herói.

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