Roberta Lahmeyer
A artista do corpo
Escalava o infinito
Desafiava a existência
Concreta do vidro
Que pode parar o vento
E seguia escalando
Com os olhos abertos
No final
Talvez tudo
Coincida com tudo
O infinito imaginado
O vidro invisível
Além do papel
Onde o poema estará
Escrito
A evolução criadora
Ela escrevia para ele
Ainda que ambos não existissem
Eram fictícios
Estavam escondidos
Num campo de sentido
Oculto
Dentro de uma outra realidade
Que ninguém suspeitava
A poesia do pensamento
Traduzir a luz
E observar o pensamento
Ponto de interseção
Que pode interromper
Um abismo
A escritura e a diferença
Ela procura fragmentos
De palavras
Que se escondem
Em todas as coisas
Depois os desconstrói
É preciso completar
Estes fragmentos
Para encontrar
Alguma linguagem
Esquecida
Desta forma descobrem-se
Textos inteiros
É preciso escrever
Para existir