Revista de Cultura

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O marinheiro do futuro

Marina Alexiou

Caminhando pela cidade futurista penso se você ainda estará lá.

A rosa dos ventos girou e a memória se desorientou. Houve um tempo em que podíamos rir juntos em meio a alguns goles de prazer… no refúgio do mar largo.

Agora, o futuro, por sua vez, tudo engoliu, inclusive a nós, o oceano e o próximo destino.

Caminhando por essas ruas secas e sem cor, os passos parecem não querer chegar. Se arrastam como que para impedir a continuidade dessa nossa vida sem sonhos nas madrugadas e o som das velas na brisa silenciosa no escuro da noite. A solidão era, então, quieta e cheia de mistérios.

Os ancoradouros, o burburinho do comércio nos portos, rostos incomuns, inquietos e atentos. Tanto a nos aguardar…

Mas hoje vou ao seu encontro quem sabe para fazer de conta que chegamos a uma outra enseada e estamos a tentar encontrar um olhar que nos pareça capaz de fornecer um abrigo, um descanso e um divertimento qualquer.

Como será que você está? Faz tanto tempo!

Até onde chegar sem quebrar a ilusão?

Tudo mudou nesse horizonte árido e nada acolhedor. Quão perto posso olhar em seus olhos, sem parecer uma mentira?

Quem sabe entremos numa máquina do tempo, uma fuga para uma latitude onde ninguém possa nos achar. Apenas as gaivotas, seus sorrisos e um profundo mergulho no azul de ontem…

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