Dora Gago
Ausência
Dançam cinzas solenes
silvando sopros de saudade,
céus
soletrados
no sangue
da solidão.
Resistência
Bailarinos incertos
Deste tempo servil
Engolimos a música
No suor de cada melodia
enlaçados
Além da morte e da verdade.
destino
Na louca corrida
do galgo abandonado
solitário de existir,
lamber as feridas da morte
na pele do poema.
Oriente
Falar-te de palha de arroz,
De arranha-céus e néons,
Do bulício de gentes e flores,
De templos, cheiros, incenso
E duma solidão a cortar
Mais que todos os punhais
Será tudo e tão pouco.