Revista de Cultura

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A meu amor distante

Edward R. King, "O pretendente atencioso" (?)
Coleção particular

Lucas Medeiros

I

Um homem com muito custo andava,
sofrendo por sua triste caminhada.
Tremia pelo vento que soprava
e ia tingindo de rubro a estrada.

Sem forças, sua vontade se acabou;
com a consciência já se despedindo,
o fim de seu sofrimento celebrou
e seu espírito ia se esvaindo.

Porém, estendeu-se do solo uma flor
dotada de tal luminosidade
que o cativou e curou de sua dor;

o convocou em delicado clangor.
E assim, por meio de sua natividade,
foi-lhes dada a primavera do amor.

II

Foi-nos concedida a primavera do amor!
Apesar dos quilômetros que nos separam,
por estradas interestaduais, com furor,
ecoam cantos amorosos que não se calam!

O fio que nos une não há de se acabar
sobrevivendo a várias precipitações,
conseguiu, das raízes até o céu, nos conectar
ao trazer a seiva para nossos corações.

A emoção que do fogo fora nascida
e da solidão mais profunda florescida –
gênese do interesse incontrolado.

Tantas estradas foram por mim percorridas
para chegar até a cidade escondida
em que reside meu tesouro destinado.

III

No encontro pelo céu destinado,
fui arrebatado pelo encanto
do suave aroma exalado
que dissipou totalmente meu pranto.

De tanta espera, explode a paixão
cujo lampejo a ninguém censura.
De beijo em beijo, o meu coração
se desfalece em toques de ternura.

Tua ausência em mim provoca vazio,
busco-lhe na tez das manhãs vividas.
Admito: tenho voraz fome de ti.

Nós estamos conectados por um fio
que nos levará, por fim, à devida
união de nossas almas e quadris.

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