Mateus Lima Veloso
Tudo é rápido
Tudo é rápido Rápido o suficiente para não se perceber Quem é dono do relógio Viva rápido, coma rápido Cresça rápido, produza rápido Todo segundo é um segundo perdido Todo segundo é um dinheiro perdido Descanse rápido Vamos, mais trabalho te espera Um pouco menos de vida Um pouco menos de alegria Tudo é rápido, até gozar é rápido Se sobrar um momento Desfrute rápido dos prazeres da vida Pare com isso Lamento, não existe tempo Produzir mais e em menos tempo é preciso Morreu rápido Pena, acabou vivendo rápido demais Descarte rápido Mais um recomeça a roda.
Na cidade das coisas
Nosso mundo Não poderia ser feito De forma menos natural Nossas cidades São pensadas para coisas Carros, prédios, motos, Roupas, luxo, lucro Mercadorias que precisam De cada vez mais espaço Para serem transportadas Para serem naturalizadas Tudo se torna cinza Barulhento, apertado Rápido, sem tempo Com humanos como parte da paisagem Cansados, atomizados Doentes, indiferentes Nas cidades das coisas.
Aquele que se revoltou
Minha vida não é mercadoria Não aceito tal realidade Minha história Meu tempo Não pode ser comprado e vendido Eu sou humano E sinto a necessidade de humanidade Chega de atomismos De cidades insalubres De avenidas largas e calçadas apertadas Chega de pressa desenfreada Preciso apreciar as minhas potencialidades Assim como a dos meus camaradas Ouçam meu grito Morte ao eu e glória a nós Deixem as mentiras que nos aprisionam E vamos tomar As rédeas dessa existência Em nossas mãos.