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FICA 2024: Diário de viagem, dia 5

O troféu (foto: Yan Rissatti)

Miguel Forlin

Uma das coisas boas é que as palavras podem nos dar sobrevida
Antonio Candido

Sei que vocês estão ansiosos para que eu fale mais a respeito do meu reencontro com a Maria Pascoal, mas acalmem-se! Antes de chegarmos ao fatídico momento, sinto-me obrigado a abordar um outro, com o qual o meu quinto dia em Goiás Velho começou. Por quê? Porque foi um dos maiores da minha vida!

Às 10:30 de ontem, no Cine Teatro São Joaquim, logo após a reprise de Antonio Candido, anotações finais, iniciou-se, perante o público, um debate entre o Eduardo Escorel, que dirigiu o longa (como informei no texto anterior), e o Matheus Nachtergaele, que fez a sua narração em off. Bem-humorados e solícitos, os dois conquistaram rapidamente a plateia (essa foi a minha impressão, pelo menos). De suas falas, o que mais me chamou a atenção foi o carinho com que, na obra em questão, cada um fez o seu respectivo trabalho. Evidentemente, ambos amaram dar sobrevida a Antonio Candido: um por meio da imagem e o outro por meio do som. Amor, imagem e som: cinema é isso!

Matheus Nachtergaele e Eduardo Escorel (foto: divulgação)

No entanto, o grande momento ainda estava por vir (no que me diz respeito), e ele veio a galope, passando completamente por cima de mim. Falo da oportunidade que tive de conversar com o Eduardo Escorel! É verdade que nossos caminhos já haviam se cruzado antes (em uma de suas contribuições para a Revista Piauí, ele citou não só o meu nome como também um trecho de um texto meu), mas ter a chance de vê-lo frente a frente, de me apresentar a ele, de ouvi-lo falar tão de perto e de lhe dizer o quanto o admiro foi algo realmente único e especial! Ainda estou sob o efeito do que aconteceu! (Durante alguns segundos, arrependi-me de não ter trazido comigo o meu DVD de Terra em transe, de 1967, para que ele o autografasse, mas, diante da sorte de conhecê-lo em carne e osso, dei-me rápida e inteiramente por satisfeito)

Dito isso, acho que já dá para irmos ao meu esperado reencontro com a Maria Pascoal! Sim, nós nos reencontramos, e mais de uma vez! Na primeira, eu estava sentado à mesa de um bar, e, após me reconhecer, ela se aproximou. “- Miguel?” “– Sim.” “- É a Maria.” “- Oi, Maria!” “- Que bom que nos reencontramos!” “– Verdade!” E, então, nos pusemos a conversar sobre como estava sendo a nossa experiência nos últimos dias (ela está acompanhando os meus textos e disse ter ficado profundamente emocionada com eles!). Na segunda, ambos estávamos no Cine Teatro São Joaquim e demos seguimento à conversa que tínhamos tido no dia anterior.

Infelizmente, por causa de nossos compromissos no festival, não houve nem haverá tempo para levarmos a cabo a entrevista que eu queria fazer com ela. Porém, ficamos com o endereço de e-mail e o número de celular de cada um e combinamos que, provavelmente no mês que vem, faremos essa entrevista acontecer, seja por e-mail, seja por telefone. Ao fim, cientes de que talvez não nos trombemos mais por Goiás Velho (ao menos, não neste ano), despedimo-nos dizendo que, no futuro, caso estejamos na mesma cidade onde o outro se encontra, faremos de tudo para tomar um café juntos e papear. “- Tchau, Maria. Foi um prazer imenso te conhecer!” “– Digo o mesmo para ti, Miguel!” “- Beijos!” “- Beijos!”

Para completar, ainda tive tempo de acompanhar o painel Documentários mudam o mundo? Docs, denúncia, impacto social, ocorrido no Pátio do Rosário – com mediação feita pelo meu amigo Rodrigo Cássio Oliveira; o debate, que teve a participação do cineasta Bruno Jorge e da psicanalista Marcela Antelo, foi simplesmente o melhor que já vi em um festival brasileiro de cinema (as opiniões expressas foram tão ricas que, para dar conta delas, prometi a mim mesmo lhes dedicar um texto inteiro na Littera 7 um dia desses) – e, por fim, de passar a tarde e a noite conversando com o Bruno Jorge, sujeito fascinante e amabilíssimo com quem senti que irei construir uma amizade verdadeira e duradoura (não vejo a hora de assistir ao seu principal filme, A invenção do outro, de 2022).

(Foto: Lucas Diener)

Caramba, quanta coisa! E eu ainda nem disse que, enfim, experimentei os célebres empadão e suco de cajá, tradições de Goiás Velho! Foi o Rodrigo quem me levou para experimentá-los (no restaurante Tempero e Arte), e que bom que ele assim o fez, pois a fama do salgado e do suco lhes é mais do que justa: os dois são uma delícia! (Não me perguntem o que vai no empadão; tudo o que eu sei é que vão muitas coisas e que a mistura de todas elas funciona maravilhosamente bem)

Mas já falei muito. Fico por aqui. Afinal, a despedida já se aproxima (será um adeus? Um até logo? Não sei…), e como despedidas partem o meu coração, tenho de me preparar psicológica e emocionalmente para ela. Nos vemos em algumas horas no próximo e derradeiro texto deste meu diário de viagem! Até!

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